Led Zeppelin IV, Machine Head, Quadrophenia, Abbey Road, Exile on Main Street, Back in Black, Master of Puppets, Appetite for Destruction,
London Calling, Nevermind, entre outros são álbuns clássicos absolutos
do rock, tendo como característica comum entre eles a uniformidade
estética da arte como um todo, as músicas coesas, um album em si. Esse
conceito parece que se perdeu com o tempo.
O álbum surgiu desde
sempre como uma necessidade do artista de expor seu trabalho como um
extrato do momento que a banda atravessa, seja da vida pessoal dos
músicos, influências, busca de novas sonoridades, enfim, tudo influi. Na
década de 60 e 70, os artistas chegavam a lançar dois álbuns no mesmo
ano, saindo em turnê na sequencia de cada um para divulga-lo. Dessa
forma, as pessoas que não tivessem oportunidade de acompanhar ao vivo
seus artistas favoritos poderiam ter um registro dos mesmos para ouvirem
quando quisessem, um vinil, K7, mais recentemente, um CD e nos tempos
atuais, MP3.
Não se tratava de uma regra, mas as bandas buscavam
tornar cada álbum, um registro fiel do momento que atravessavam,
pensando na arte como um todo, analisando sequencia das músicas, capa,
arte do disco, quais seriam as possibilidades de singles e, antes de
tudo, identificar o que queriam transmitir com aquele disco. Não que as
gravações fossem feitas de forma mecânica, pelo contrário havia o
aspecto fundamental para criação que é o feeling de cada artista, porém
os músicos buscavam se superar a cada disco, tecnicamente e
esteticamente.
Creio que a forma que se consome música hoje em dia
tenha tirado de certa forma o foco do álbum como forma de registro da
arte. Como ouvimos muita música no formato MP3, muitas vezes de forma
solta, aleatória num playlist qualquer, se perde um pouco a noção do
contexto em que se encaixa melhor aquela canção. Outro fator importante é
que os álbuns deixaram de alcançar as vendas expressivas que alcançavam
nas décadas passadas, distanciando dessa forma, as bandas novas daquele
compromisso com o álbum como um todo, aquele capricho de transformar o
álbum numa arte completa.
Não estou aqui defendendo aqueles álbuns
conceituais, que visam contar uma história a cada faixa, como se fosse
uma novela – aliás muitos destes são chatíssimos – mas sim a composição
do álbum, buscando que esse torne um lançamento importante, que por mais
que não vire um clássico, seja um lançamento importante, digno no
mínimo de respeito.
Você pode estar aí do outro lado lendo e
pensando que isso é besteira, que estou sendo detalhista. Talvez seja
mesmo, mas o fato é que são esses detalhes que podem trazer de volta a
boa música ao gosto popular, afinal é comum ouvir uma banda nova com um
ou dois grandes singles e ao ouvir o álbum por inteiro se decepcionar
completamente devido à falta de homogeneidade entre as canções,
melodias, letras e equilíbrio do álbum.
Que as bandas novas tenham
mais inspiração e que ao darem a luz aos seus rebentos álbuns tenham
mais reponsabilidade ao lembrar que essa arte será um registro eterno
dos artistas presentes no mesmo e que se inspirem nos discos citados no
começo do texto, pois se conseguirem alcançar dez por cento do que eles
fizeram já terão seu lugar garantido na história.
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