Ian Astbury, líder da banda THE CULT, e que recentemente excursionou com Ray Manzarek e Robby Krieger no THE DOORS
OF THE 21ST CENTURY, concedeu uma entrevista ao jornal texano Dallas
Observer em que fala sobre o novo disco do THE CULT, sua vida pessoal e
sobre a experiência de tocar e ouvir THE DOORS. Trechos desta conversa você lê abaixo:
Dallas Observer:
As resenhas para o novo álbum, "Choice of Weapon", tem sido
consistentemente positivas. Um resenhista escreveu que o THE CULT
estava, mais uma vez, "militante, urgente e puto da vida". A arte da
capa tem uma influência nativa americana. Este é um tema que parece ser
consistente na carreira da banda.
IAN ASTBURY: Qualquer
pessoa pode ter dito isso. Eu realmente acredito que o álbum é
militante. Nós tínhamos que sê-lo quando o gravamos. Tínhamos um
propósito. Quanto à capa, você tem que olhar para a figura. Existe
obviamente uma forte influência nativa americana, mas existem outras
coisas acontecendo também. A jaqueta que estou usando é uma homenagem ao
punk rock. A camisa é do filme The Gangs of New York. Existe uma porção
de elementos diferentes lá. É claro que eu sempre fui interessado na
cultura nativa americana. Ela oferece uma visão incrível da experiência
humana.
Dallas Observer: Você recentemente completou 50 anos e se casou. Isso significa que você se aquietou?
IAN ASTBURY:
Eu não sei o que se aquietar significa. Eu nasci na Inglaterra, vivi no
Canadá, mas considero Nova York o meu lar. Eu não me lembro de ter
completado 50 anos. Nem tomei conhecimento do meu aniversário. Eu estava
trabalhando o dia todo. E o casamento foi também bem simples. Casamos
em Las Vegas. O pastor era de uma igreja sem denominação. Não foi uma
cerimônia religiosa. Era pra ter sido apenas pra gente e pra alguns
amigos, mas alguém vazou para a mídia, para algum colunista de fofocas
local.
Dallas Observer: Foi difícil cantar com Ray Manzarek e Robby Krieger no THE DOORS OF THE 21ST CENTURY? Os sapatos de Morrison são grandes demais para serem calçados?
IAN ASTBURY:
Na verdade eu toquei em mais shows com esses caras do que Morrison. Não
foi um trabalhinho qualquer. Eu fiz mais de 150 shows. Mas não há uma
pessoa viva que consiga calçar os sapatos de Morrison. Ninguém vai
incorporá-lo. Muitas pessoas abordam THE DOORS como se fosse classic rock. Esse é um termo péssimo. As nuances e entrelinhas da música dos DOORS
são muito importantes. Eu estava muito orgulhoso de ser capaz de
executar as canções de Morrison, mas as pessoas se esquecem que foi
Robby Krieger que escreveu "Light My Fire" e "Touch Me". Estão são
canções clássicas. É inacreditável pensar sobre todas as bandas que tem
sido influenciadas pelos THE DOORS. Tocar essas canções é como obter um diploma de Harvard.
Dallas Observer: É verdade que você teve uma experiência religiosa ouvindo "The End"?
IAN ASTBURY:
Eu acho que ninguém que tenha escutado essa música teve uma experiência
religiosa. Eu sou muito cuidadoso com minha escolha de palavras. Pra
mim, religião é uma espécie de doutrina com diretrizes. Eu não acho que
isso se aplique a como eu me senti sobre essa música. Ela teve um efeito
profundo em mim. Eu realmente não posso explicar o sentimento. Foi um
sentimento de animais selvagens. Você conhece o poeta Robert Bly? Ele
escreveu sobre o homem perdendo contato com a humanidade quando ele
perdeu o contato com os animais selvagens.
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